Dores persistentes no pós-dengue podem ser sinais de fadiga crônica

O Brasil já registrou, do início do ano até a primeira quinzena do mês de abril, 3.062.181 casos prováveis de dengue, segundo dados do Ministério da Saúde. O número é quase o dobro do que foi registrado durante todo o ano de 2023, quando foram detectados 1,6 milhão de casos.

Para além da preocupação com novos casos e também dos óbitos, 1.256 mortes por dengue em todo o país, tem crescido também o número de pacientes que relatam continuarem com os sintomas da doença, mesmo após o ciclo do vírus, que dura entre 5 e 14 dias.

São sintomas como dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, um cansaço que impede que a pessoa realize as atividades básicas de sua rotina.

Para o especialista em Acupuntura (RQE 5670) e Clínica da Dor (RQE 5672), Dr Durval Kraychete, esses sintomas servem de alerta e devem ser tratados de forma célere, para evitar a cronificação da dor e o posterior desenvolvimento de síndromes como a fadiga crônica ou a fibromialgia, ou efeitos neurológicos, como encefalite, meningite, mielite, síndrome de Guillain Barré.

“Durante um processo inflamatório, acontece uma resposta do sistema imunológico que atinge diretamente os receptores nervosos do nosso corpo específicos para a dor. Desse modo, pacientes acometidos por alguma arboviroses como dengue, zika ou chikungunya, podem sentir dor. A partir do momento que acontece qualquer agressão ao tecido, o seu corpo fica com o registro de que essa agressão ocorreu. Dessa forma, independente de estímulos, as regiões inervadas ficam mais excitadas, aumentando a transmissão dolorosa, de forma que o paciente pode sentir dor, mesmo após eliminar o vírus”, explicou.

Segundo o médico trata-se de síndromes dolorosas nociplásticas, onde não existe um marcador ou lesão que aponte o início ou a causa da dor, como é o caso da fibromialgia, dor pélvica crônica ou dor após agressão cirúrgica.

Esses pacientes acabam sendo marginalizados por apresentar uma dor que é desproporcional ao estímulo que a provocou e muitas vezes não procuram o atendimento médico adequado, iniciando um processo de automedicação.

“O risco da automedicação é que os fármacos podem ser um complicador em certas doenças. Por exemplo: se o paciente está com processo de dengue hemorrágica, um antinflamatório vai aumentar o sangramento; se o paciente está com dengue com comprometimento hepático, o paracetamol pode ser extremamente agressivo. Então, um analgésico simples, que parece inofensivo, pode agravar a situação do paciente”, completou.

Apesar de não existir uma linearidade, o médico recomenda que o paciente procure atendimento se em cinco ou sete dias, após o ciclo da dengue, as dores não passarem.

“Não é habitual permanecer com dor após a resolução de uma agressão a um tecido do corpo e quanto mais precocemente procurar o médico, melhor será o resultado, evitando a cronificação da dor”, acrescentou.

Tratamento para dor crônica

É considerada dor crônica, aquela dos que persiste por mais de três meses ou a dor que persiste além da cura habitual da doença. No caso da dengue, a dor que persiste por mais de sete dias após a eliminação do vírus.

“Ainda não temos dentro da medicina os fatores que facilitam a identificação do ponto de transição de uma dor aguda para a uma dor crônica, porém os fatores do risco já são conhecidos, como pacientes com transtornos de ansiedade ou depressão, e de alguma forma está relacionada também à questão hormonal, estando as mulheres mais propensas a desenvolver uma dor crônica. Além disso, uma dor que não é tratada na fase aguda pode evoluir para dor crônica, por isso é importante o tratamento imediato”, destacou.

Quanto ao tratamento, o protocolo multimodal farmacológico e não farmacológico desenvolvido pela Clínica de Terapia da Dor, tem alcançado resultados positivos nos casos de dor crônica.

Dr Durval Kraychete reforça que é necessário fazer exercício físico, de forma orientada, para aumentar progressivamente a resistência muscular.

“Além disso, é possível associar diversos métodos de analgesia como acupuntura, anestésico local por via venosa, bloqueio regionais, além do uso de analgésicos mais específicos, a exemplo de antidepressivos”, concluiu.


Fonte: ibahia.com
Por OUTROS, 24.ABRIL.2024 | Postado em Saúde 0 comentário(s)

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